Secretaria da Saúde vai construir Memorial em homenagem às vítimas da Covid-19 em Itumbiara
Memorial da Pandemia

Foi publicado no Diário Oficial do Município de Itumbiara, a abertura do processo de contratação direta de uma empresa para construção de um memorial em homenagem ás vitimas da Covid-19 em Itumbiara. Desde o dia 28 de maio de 2020, foram registrados pela Secretaria Estadual de Saúde 540 mortes em Itumbiara em decorrência da doença, causada pelo Coronavírus. Foram mais de 29 mil pessoas infectadas e neste ano ocorreu o registro de uma morte. O "Memorial do Covid-19" tem custo estimado de R$ 48 mil e será construído na Praça da Saudade, localizada em frente ao Cemitério da Saudade, entre as avenidas Goiatuba e da Saudade.
Memorial vítimas do Covid-19 ou da Covid-19 – O Diário de Itumbiara buscou saber a diferença com explicações dos professores de língua portuguesa da USP e vejam o que eles dizem sobre o gênero da palavra Covid:
“O covid ou a covid?
Não há uma normativa oficial sobre o tema em língua portuguesa, então não devemos ficar admirados se “falsos profetas da gramática” surgirem apregoando uma saída “lógica”: “como é uma doença, o certo é a covid-19”, alguns certamente diriam. Essa saída poderia ser exemplificada com um texto publicado pela Academia Brasileira de Letras, que, embora não tenha tomado posição no assunto, citou “a pandemia da covid-19” ao noticiar o lançamento de sua seção jornalística sobre o tema.
Postura mais elogiável foi a da Real Academia Española: além de explicar a motivação das maiúsculas (trata-se de uma abreviação de COronaVIrus Disease, algo como “doença do coronavírus”), a entidade registrou que o feminino é aceitável, por acompanhar o gênero feminino do substantivo “doença”. Ainda segundo a instituição espanhola, o masculino também é cabível, tendo em conta o que ocorre com outras enfermidades cujos nomes provêm, por metonímia, dos nomes de seus vírus: o ebola e o zika, por exemplo.
Já a Académie Française explica que o gênero de um acrônico ou sigla advém do núcleo do sintagma que a compõe, assim: a S.N.C.F. (Société nationale des chemins de fer, Sociedade Nacional de Ferrovias), porque o núcleo desse sintagma é “sociedade” e o C.I.O. (Comité international Olympique, Comitê Olímpico Internacional), porque o núcleo, comitê, é um nome masculino.
Quando um acrônico ou sigla é composto de palavras estrangeiras, o mesmo princípio se aplicaria. Dessa forma, apregoa a Académie, deveríamos dizer “a covid-19”, pois covid significa corona virus disease (“doença do coronavírus”, o núcleo é o substantivo feminino “a doença”), enquanto “19” se refere a 2019, quando os primeiros casos em Wuhan, na China, foram divulgados publicamente pelo governo chinês no final de dezembro. Igualmente, como a Real Academia Española, argumenta que o que acontece é que os falantes, por metonímia, atribuem à doença o tipo de patógeno que a causa.
Em qualquer dos casos, note-se que reside a arbitrariedade (ou o mistério) original dos gêneros gramaticais: “doenças” não são “fêmeas”, nem “vírus” são “machos”.
Por Marcelo Módolo, professor da FFLCH-USP e pesquisador do CNPq, e Henrique Braga, doutor em Filologia e Língua Portuguesa pela FFLCH-USP
https://jornal.usp.br/artigos/covid-tem-genero/
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