Andarilhos na Orla do Paranaíba e a história de Itumbiara

Opinião

Andarilhos na Orla do Paranaíba e a história de Itumbiara
Andarilhos na Orla do Paranaíba e a história de Itumbiara (Foto: Reprodução)

A Avenida Beira Rio em Itumbiara, em uma orla com mais de 3 km, é um dos pontos mais frequentados da cidade de Itumbiara, cujas origens estão ligadas ao próprio rio e uma estrada que abriu caminho para a posse de terras por migrantes da região Sudeste, sobretudo mineiros há cerca de dois séculos. Primeiro, os posseiros pegaram o ofício para fazer a gestão de um porto e cobrar pelos serviços de travessia de mercadorias, gado e pessoa e depois a província de Goiás assumiu o posto de fiscalização. A Freguesia e distrito começou com o porto e se expandiu com a construção de uma capela em louvor a Santa Rita de Cássia, por um milagre atribuído na cura do irmão de um fazendeiro. Os viajantes que passavam pelo local no século XIX, como Visconde de Taunay, dizia que aquele ponto era deserto e tinha alguns desocupados pescando e caçando por ali. 200 anos depois, o porto virou distrito e freguesia, que se tornou Vila e cidade e mudou o nome para Itumbiara, que segundo alguns seria o caminho da cachoeira e para outros estudiosos das línguas indígenas, está mais para cachoeira dos restos das caças. O mais importante na história é que os ocupantes das terras obtiveram seus títulos de propriedade e até deram uma parte para construção da Capela, no ponto onde virou cidade. A Diocese vendeu as terras para o município e assim a bicentenária Itumbiara chegou a mais de 100 mil habitantes. Já não é a terra dos fazendeiros, pois uma grande população veio para a cidade e indústrias foram construídas. Outros migrantes se misturaram e foram chegando para formar o povo Itumbiarense, com mineiros, paulistas, nordestinos e tantos outros povos do Brasil e até do Exterior. Continua sendo um local onde as estradas representam ocupam espaço relevante na construção da história da cidade. O Rio não é navegável para transporte de pessoas e mercadorias, devido suas usinas e cachoeiras, mas suas estradas criadas para ligar Goiás ao Triângulo Mineiro e ao Sudeste e depois na Marcha para Oeste para ligação com a nova capital do País, Brasília, continua sendo um ponto de chegada e saída de muitas pessoas. E a avenida Beira Rio, onde começou o ponto zero com o Porto e a construção da primeira ponte em 1909, que ajudou na ocupação do território goiano na região Sul, continua sendo o principal ponto de identidade da cidade. E nela, que as pessoas se movimentam diariamente, nas diversas classes sociais. Os mais abastados, para uma caminhada diária e os mais pobres e até sem casas, para o banho, a alimentação e até a morada. E eles seguem o caminho, que os primeiros homens trilharam nos primeiros dias do ponto, onde se tornaria a cidade. Vão do ancoradouro, ao farol, ao córrego trindade e a ponte, em idas e vindas diárias, que não tem um destino. Já não se tem terras para ocupar e parece não haver mais crença em um futuro melhor e tudo se resume no momento presente, no dia a dia a caminhar pela Orla, do Centro ao Ancoradouro e deste ao centro, ás vezes parando parte do dia como guardadores de carros ou mesmo pedintes. Assim a vida segue na avenida mais bonita e cara de Itumbiara, onde convivem os mais ricos e os andarilhos pela Orla.

Nilson Freire é editor do Diário de Itumbiara

Mestre em Direito Fiscal pela Universidade de Coimbra

Mestre em História pela PUC GO

MBA em Administração Tributária e Política pela FGF

Graduado em História, Ciências Físicas e Biológicas, Direito e Administração

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