Entre o Fast food global e o barrigômetro na Orla, há um vazio de museu, livrarias e biblioteca pública em Itumbiara
Opinião
No ano 190 da arrematação do Porto do Rio Paranaíba e de 173 anos de criação da freguesia e Distrito da Santa Rita do Paranaíba, ocorreram festividades de celebração de 116 anos da emancipação da Vila, nascida do golpe político de 1909 em Goiás. Apesar do tempo quase bicentenário e das conquistas anunciadas, desde o fast food global que chega a Orla com um enigmático barrigômetro para dar um toque de humor, há um vazio pela Biblioteca pública fechada, do Museu em reformas e de falta de livrarias e bancas de e com jornais. Parecem coisas ultrapassadas em tempos de redes sociais e de informações instantâneas pela internet, mas os que podem com suas condições econômicas favoráveis, deixam a antiga Freguesia e vão para grandes centros urbanos, onde ainda os locais de cultura e do conhecimento são visitados e celebrados.
O Barrigômetro ganhou um espaço na TV regional e o Fast Food é admirado por centenas de pessoas que passeiam e caminham pela Orla. Enfim, o progresso chegou com a possibilidade de comer um sanduíche “King” e de tirar medidas da massa corporal. Quase ninguém sente mais falta do jornal Diário que chegava a Praça da República e que agora só pode ser adquirido na capital. Já não há espaço publico para ler alguns livros no Palácio da Cultura e nem é possível visitar o Museu Municipal na casa destruída da cultura. Comprar um livro, só é possível também na capital. Um tipo de progresso as avessas, que parece fornecer tantas informações em redes sociais, acompanhadas também com muito lixo em informações. E assim vai se criando, na cidade que nasceu sob os governos dos coronéis na antiga República, uma massa pouco motivada para pensar e usar espaços de cultura e conhecimento.
Alguns argumentos contrários a investimentos em cultura e conhecimento nos tempos atuais, serão fundamentados com alto custos de jornais para chegar as bancas das praças, assim como em manutenção de livrarias, que se tornaram inviáveis nos dias atuais para os pequenos e até grandes empreendedores das áreas pelo baixo número de vendas e procura. Até os governantes se justificarão pela não manutenção de museus e conservação da memória da cidade e de uma biblioteca de fácil acesso a todos. É como obras abaixo do solo de esgotamento sanitário e drenagem pluvial. Só são lembradas da necessidade quando dos alagamentos e da poluição dos córregos e rios. E a falta de leitura não afeta os processos eleitorais. Melhor criar um time de futebol, do que conservar os prédios da cultura e as bibliotecas, porque poderão retribuir mais em votos.
Mas entre os prós e os contrários, o conhecimento e a cultura, que não se confundem com os grandes shows sertanejos de alto custo com recursos públicos, ainda são bem valiosos a serem conservados pela atual geração e que merecem políticas públicas favoráveis, pelo menos para quem realmente pensa em uma cidade melhor para se viver e com uma comunidade mais bem servida com bens culturais. O Fast food enche a barriga e o barrigômetro medirá as dimensões corporais, mas a mente ainda é alimentada por bons livros, pela memória e pelo conhecimento. Por mais medidores de leitura de livros e disponibilidade de bibliotecas, museus e casas de cultura em Itumbiara.
Nilson Freire, Advogado e editor do Diário de Itumbiara
Mestre em História pela PUC GO e em Ciências Jurídico-políticas pela Universidade de Coimbra. Especialista em política e administração tributária pela FGV. Formado em História, Administração, Ciências Físicas e Biológicas e Direito. Autor de sete livros, entre eles: “Casamento, Embates e arranjos políticos em Goiás” e “Relações Tributárias em um Estado Fiscal Cooperativo”
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